Rio+20: após críticas, ONU diz que não tem como agradar a todos

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A Organização das Nações Unidas (ONU) minimizou nesta segunda-feira as críticas ao texto final da Rio+20, apresentado pela delegação brasileira após assumir a presidência da conferência no sábado. De acordo com Nikhil Chandavarkar, chefe de comunicação da Rio+20, todas as nações precisam fazer concessões para se chegar a um acordo. "É como uma obra-prima, que a gente vai lapidando. Claro que não temos como agradadar a gregos e troianos, mas o Brasil conseguiu atingir um documento muito equilibrado", disse.
Na noite de domingo, representantes da União Europeia criticaram a falta de ambição no documento apresentado pelo Brasil. Para os europeus, era preciso definir "metas e objetivos com cronogramas concretos" e mecanismos de controle para medir os progressos. Entre os maiores entraves no texto está o ponto que fala em meios de implementação - financiamento para as nações mais pobres, transferência de tecnologias e capacitação.
De acordo com Nikhil Chandavarkar, a ONU acredita que será possível cumprir o prazo estabelecido pelo Brasil, de concluir as negociações na noite de hoje. "Estamos muito otimistas, o trabalho coordenado pelo Brasil está fluindo muito rápido", disse. O Brasil apresentou sua proposta no sábado, que contempla um texto fechado e condensado em 50 páginas, depois que na sexta-feira terminou sem acordo o período previsto para as negociações prévias à cúpula.
Para o diretor do Departamento de Desenvolvimento Sustentável, Assuntos Econômicos e Sociais da Rio+20, Nikhil Seth, um fator determinante para o sucesso das negociações é o poder de diplomacia da delegação brasileira. "O Itamaraty tem uma reputação global formidável, com grande capacidade para forjar bons acordos. Além disso, o Brasil é um País ponte, que consegue atuar como ligação entre diferentes comunidades", afirmou.
O documento final, depois de fechado pelos negociadores de cada País, será submetido à assinatura dos chefes de Estado e de governo, que estarão reunidos no Rio de Janeiro a partir de quarta-feira.
Rio+20
Vinte anos após a Eco92, o Rio de Janeiro volta a receber governantes e sociedade civil de diversos países para discutir planos e ações para o futuro do planeta. A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que ocorre até o dia 22 de junho na cidade, deverá contribuir para a definição de uma agenda comum sobre o meio ambiente nas próximas décadas, com foco principal na economia verde e na erradicação da pobreza.
Composta por três momentos, a Rio+20 vai até o dia 15 com foco principal na discussão entre representantes governamentais sobre os documentos que posteriormente serão convencionados na Conferência. A partir do dia 16 e até 19 de junho, serão programados eventos com a sociedade civil. Já de 20 a 22 ocorrerá o Segmento de Alto Nível, para o qual é esperada a presença de diversos chefes de Estado e de governo dos países-membros das Nações Unidas.
Apesar dos esforços do secretário-geral da ONU Ban Ki-moon, vários líderes mundiais não estarão presentes, como o presidente americano Barack Obama, a chanceler alemã Angela Merkel e o primeiro ministro britânico David Cameron. Ainda assim, o governo brasileiro aposta em uma agenda fortalecida após o encontro.

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